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Chama-se "dos Provérbios" um dos livros do Antigo Testamento constituído por uma coleção de sentenças morais e máximas do procedimento que podem servir de regra a todos os estados da vida; não são propriamente provérbios, mas, sentenças morais.
A autoria deste livro foi atribuída a Salomão; muitos creem, porem, que o "Livro dos Provérbios" é antes uma compilação de máximas de várias origens. Eis aqui algumas delas, traduzidas em versos pelo poeta João de Deus.
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Tema em rapaz bom caminho,
Que o segue também velhinho.
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A palavra a propósito e sensata
É como de ouro marcheado a prata.
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Uns, dando, mais enriquecem,
Outros, roubando, empobrecem.
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O insensato dá-lhe logo a fúria;
Quem é prudente dissimula a injúria.
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O ímpio a própria sombra o amedronta;
O justo é um leão que tudo afronta.
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Não vos peço a miséria aborrecida,
Nem riqueza amanha que me tente;
Dai-me, Senhor, o necessário à vida,
E serei contente.
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Não vem das mais longínquas regiões
Preciosidade que se ponha a par
D'uma esposa solícita, exemplar:
Com essas condições
Feliz do que a achar!
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Quem o pão da mentira saboreia,
Depois a boca sabe-lhe a areia.
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Os bens do ímpio hão de ir a todo o custo
Parar às mão do justo;
E os deste, aos seus herdeiros prediletos,
Que são filhos e netos.
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O rico, mil amigos lhe aparecem,
O pobre, seus irmãos o desconhecem.
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É o temor de Deus fonte da vida:
Quem não tomar este norte,
Vai no caminho da morte,
É uma alma perdida!
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De mansinho, à maneira
Como a polílha e o caruncho comem
A roupa e a madeira,
Roi a tristeza o coração do homem.
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Pega num tolo e pisa-o bem num gral
Como quem faz farinha de cevada;
Nem assim consegues nada.
Tu não lhes curas o mal. .
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Com quem te não faz mal
Procede por igual.
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Vigiai, diz Salomão.
Noite e dia o coração...
Que é dele que nos provém
Todo o mal e todo o bem.
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Vai, ocioso, a formiga
Que te diga
Como deves proceder:
que essa pergunta
Te há de ela dizer
(E atende, confia
que é sábia lei):
"Como quem no estio ajunta
O que de inverno há mister,
Sem mestre nem guia.
Nem chefe nem rei."
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O ímpio, pode dizer-se,
Passa como a tempestade;
O justo é um alicerce
Eterno como a verdade.
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Quem de repente
Se enfurece é estulto:
Quem é prudente
Dissimula o insulto.
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Vitela com enfado
Não aceites;
Mas erva com agrado
Não rejeites.
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Onde observes
Ar de enfado
Nem vaca aceites;
Simples ervas
Com agrado
Não rejeites.
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Antes a pobreza honrada,
Do que a riqueza roubada.
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Bom provérbio, bom ditado,
Aquele de salomão
Antes pobre mas honrado.
Do que rico, mas ladrão.
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Anda sempre a paciência
A par da inteligência;
E ofensas, a nossa glória
É riscá-las da memória.
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O filho, que amargura
Os pais,
Conte com ventura.
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O bom nome é um tesouro
Como não há outro igual:
Quanta prata e quanto ouro
Ser-se estimado não vale!
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Antes sozinho sentado
Ao canto do teu eirado
Que em casa ouvindo a miúdo
Mulher que implica com tudo.
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Não te gabes a ti;
Outem que te elogie.
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É melhor uma goteira
A pingar na noite inteira
De inverno em cima da gente
Que um dia de moedeira
A ouvir a companheira
Ralhando continuamente.
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Pega num tolo
Pisa-o num gral,
Faze-o num bolo;
Isso que vale?
Só lhe dás cura
Na sepultura.
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Antes a chaga feita
Por amor,
Que a desfeita
D'um osculo traidor!
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Mais vale um vizinho à mão,
De que longe o nosso irmão
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Quem dá ao pobre não teme
Pobreza extrema;
Quem o despreza
Cai na pobreza.
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Um dia o soberbo cai,
E o humilde sobressai.
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Busca mulher de juízo,
Que é onde está o segredo
De tornar este degredo
Um paraíso!
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A graça ilude,
A formosura passa;
Busca a virtude
E não beleza ou graça
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