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domingo, 24 de agosto de 2014

SALMO - Por David - Rei de Israel

Nicéas Romeo Zanchett 


UM POUCO DA HISTÓRIA DE ISRAEL 
David, o segundo Rei de Israel, sucessor de Saul, nasceu em Bethlem no século  X antes de Cristo. 
Guardava os rebanhos de seu pai, segundo a Bíblia, quando o profeta Samuel o ungiu prometendo-lhe a sucessão de Saul.  Vencedor dos Filisteus, tornou-se um grande chefe guerreiro e excitou os zelos e à perseguição de Saul.  Depois da morte deste, David veio a ser proclamado Rei das tribos de Israel. Fez da cidade de Sião a capital com o nome de Jerusalém. 
Foi, indiscutivelmente, um homem muito inteligente e sábio. Poeta e profeta, deixou-nos o seus Salmos de uma grande inspiração lírica. 
Especialmente neste Salmo, podemos ver nitidamente o amor, a inveja, a intriga e o ódio que um povo, já naquela época, dedicava a seu lider. Concluo que o amor de um povo pelo seu lider (político), dura o tempo de sua glória.
Nicéas Romeo Zanchett 
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SALMO 
Por David - o Profeta - 
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Salva-me, Senhor! pereço; 
Já vem as águas subindo;  
Já me enchem a boca, o peito, 
Quase me vou submergindo. 
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As ondas encapeladas 
Arrojam-me com violência ;
Pregam-me imóvel e fraco
Num lodo sem consistência.
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Vai crescendo a tempestade, 
E dá comigo de um salto
No pélago profundo, 
Nos abismos do mar alto. 
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Trabalho, grito; mas canso; 
Minhas faces enrouquecem; 
Meus olhos no Céu pregados
Perdem a luz, desfalecem. 
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Mais bastos que os meus cabelos
Os meus inimigos são; 
São gratuitos seus furores, 
Gratuíta sua aversão. 
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Cresce a turba dos perversos, 
Furiosos me acometem; 
Será, pois, justo que eu pague
Os crimes que eles cometem? 
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Conheces minhas fraquezas 
Meu Deus! e as dos mais viventes 
Se acaso tenho delitos
A teus olhos são patentes. 
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Mas, Senhor! em mim não cuido
Por causa do meu tormento; 
Temo só que outros que esperam
Os assalte o desalento. 
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Que dirão se me abandonas? 
Deus de Israel! não consintas
Que os que te buscam vacilem, 
Temam que em mim te desmintas; 
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Que aflitos, envergonhados, 
Olhem para mim com susto; 
Duvidem se o meu ditame
Era reto, ou se era injusto. 
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Quanto sofre, quantas mágoas
O meu coração laceram!
Por ti somente as padeço,
 Só de amar a lei, nasceram. 
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Por ti suportei opróbios, 
Confusão cobriu meu rosto; 
Fez-me da pátria estrangeiro
O ódio que me era oposto. 
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Com desdém os meus me olharam; 
E sem dó do meu destino, 
Me deixaram ir passando
Como passa um peregrino. 
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Ah! Senhor! por que motivo?...
Porque o teu templo adorava; 
E um ardente amor e zelo
Dá vontade me abrazava; 
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Pronto a combater injúrias, 
Que a ti, meu Deus, se fizeram; 
Dos maus a vingança, os ódios
Desta origem procederam.
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Eis aqui o meu delito;
 Eis aqui o que me resta;
Cobrir-me de cinza e luto, 
E de pranto a face mesta.
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Mas esta mesma tristeza,   
Esta acerba penitência, 
Provocou novos insultos, 
Foi ludibrio da insolência.
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Ora depravado Escriba, 
Que juízes perversos, 
Me insultam a inocência 
Em sentenças, prosa ou versos. 
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Eu surdo a seus vitupérios 
A ti meus votos envio; 
É tempo de me escutares; 
Em ti, meu Deus, me confio. 
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 Acrescenta a teus prodígios 
Mais um; escuta-me agora:
Salva-me, cumpre a promessa
Que fizeste a quem te implora. 
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Queres, Senhor, por ventura 
Que me trague a tempestade? 
Que luto e pranto me abismem
Esforços de iniquidade? 
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Não, meu Deus! tu me libertas
Das mãos dos perseguidores; 
Das águas em que naufrago
De um fosso cheio de horrores. 
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Não me deixes submergido
Nestes mares de amargura; 
Não me apagues a esperança, 
Não feches prisão tão dura. 
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Dá-me, pois, algum conforto,
 Qual tua bondade imensa
Distribui  aos afligidos, 
E as mágoas lhes recompensa. 
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Olha para mim; não volte
O rosto para não ver-me; 
Vê quanto sofro e padeço; 
Isso basta a socorrer-me.
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Chega-te a mim; à minha álma
Dá saúde, mesmo à vista 
Dos inimigos; e vejam
Que a ti não há quem resista. 
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Bem vês como procuram
Cobrir-me de pejo a face; 
Que não há dor, ignomínia
que eu não experimentasse. 
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Porém na tua presença
Então sem véu as verdades; 
Qual sou conheces, e sabes
De quem me insulta as maldades. 
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Não pasmo do que me fazem; 
Seu ódio sei, seus furores;
Impropérios esperava,  
Crueldades e rigores. 
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No meu desamparo extrêmo 
Não achei quem me acudisse; 
Quem me desse a mão caindo. 
Ou que de mim não fugisse. 
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Para apagar minha sede
Vinagre e fel me ofertaram: 
Será, pois, a mesa destes 
Como a que me prepararam? 
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De espessas trévas cercados, 
Tropeçarão nos seus laços; 
E os grilhões que me puseram
Hão de carregar seus braços. 
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Em tão mísera cegueira, 
Privados da luz divina, 
Irão curvados ao jugo
Do pecado que os domina. 
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Veja a cólera celeste
Já sobre eles derramar-se; 
O teu furor, Deus irado, 
Vir nos máus desafogar-se. 
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Serão seus lares desertos; 
Seus palácios abatidos; 
Seus opulentos domínios
Ficarão desconhecidos. 
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Desgarrado o peregrino
Não atinará com a estrada; 
De tanta glória e soberba
Restará silêncio, ou nada.
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Feridas a quem feriste
Sem piedade acrescentaram; 
Por isso os bárbaros paguem
As dores que me aumentaram, 
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Às suas iniquidades
Irão mais erros juntando;
E os castigos que merecem 
Com mais erros provocando.
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E como a conta fecharam 
No livro fatal da vida, 
Da misericórdia divina
Fica-lhe a sua excluída. 
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Seus nomes serão riscados; 
E dos justos no congresso, 
Pois que auxílios rejeitaram, 
Ser-lhes-á vedado o ingesso, 
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Eu, meu Deus, desconsolado, 
Aflito, em penas nutrido, 
A ti recorro, bem certo
Que hás de escutar meu gemido.
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Salva-me, Senhor, se queres; 
Suavisa meus tormentos; 
Hei de encodoar de novo
Harmônicos instrumentos. 
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A cítara abandonada, 
Do pó, da mudez tirando, 
Irei com métricas vozes 
O meu Deus magnificando. 
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Mais te agradará meu canto, 
Cheio de estro e de ternura, 
Que outro qualquer sacrifício, 
Ou vítima tenra e pura. 
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Companheiros de infortúnio, 
Afligidos, confortai-vos! 
Os prodígios que Deus obra
Cantai comigo, alegrai-vos.
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Deus não desampara ingrato
Quem fiel sempre procura; 
Ove o pobre; e não consente 
Que pareça em prisão dura. 
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Louve o céu, a terra, os mares, 
E tudo o que o globo encerra, 
O Deus que aos tristes acode, 
Que domina o céus e a terra. 
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O Deus que terá cuidado
De Sião e de seus muros; 
Que a Judá novas cidades
Dará, e asilos seguros.
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Habitarão lá ditosos, 
Verificada a esperança, 
Esses a quem Deus entrega 
Sua restaurada herança. 
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Esta, prosperando fausta, 
De filho a filho passando, 
De Deus o nome supremo
Irá sempre recordando. 
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Os que em santo amor se abrasam, 
Entoando seus louvores, 
Serão, com perpétyua glória, 
De seu templo habitadores. 
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Prestem especial atenção ao verso: "O Deus que terá cuidado 
                                                             De Sião e de seus muros; 
                                                             Que a Judá novas cidades
                                                             Dará, e asilos sguros."
                                                                                  ---
 A paz é possível, mas os interesses dos poderosos não a permitem e nem querem.
Pesquisa e adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 
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